O desaparecimento de Arlindo Chissale, jornalista, político e ativista social, continua a ser um enigma sem solução desde o passado dia 7 de Janeiro de 2025. O jornalista, que estava a viajar da cidade de Pemba, na província de Cabo Delgado, com destino à cidade portuária de Nacala, na província de Nampula, foi dado como desaparecido. O seu paradeiro permanece desconhecido, gerando inquietação tanto entre os seus familiares quanto na opinião pública, que segue acompanhando de perto o desenrolar do caso.
Questionada pela Zumbo FM Notícias, esta segunda-feira, 27 de Janeiro de 2025, a porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Cabo Delgado, Eugénia Nhamussua, explicou as ações iniciais tomadas pelas autoridades após o registo do desaparecimento por parte da família de Chissale. A oficial da PRM detalhou que a denúncia foi formalmente registrada na Segunda Esquadra da Polícia em Pemba, uma semana após o desaparecimento.
“Tivemos na semana passada o registo de uma participação feita pela família desse cidadão que se encontra desaparecido. Esta informação foi participada à Segunda Esquadra da PRM na cidade de Pemba, que, por sua vez, recebeu esta família na brigada de atendimento à família e menores vítimas de violência. O nosso ponto focal para a busca de pessoas desaparecidas lavrou o acto e encaminhou à Procuradoria Distrital de Pemba. Por sua vez, a Procuradoria, junto ao SERNIC, dará seguimento à busca deste cidadão. Qualquer informação que tivermos, poderão ser convocados para esclarecimentos”, disse Nhamussua.
O papel da PRM, segundo a porta-voz, envolve a cooperação estreita com outras entidades legais, incluindo a Procuradoria e o Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC), para tentar elucidar as circunstâncias em que o jornalista desapareceu. A PRM afirmou que está a realizar buscas ativas e a reunir informações que possam contribuir para o esclarecimento do caso. No entanto, Nhamussua fez questão de destacar que o processo está em andamento e que a polícia está a trabalhar com o máximo rigor, mesmo sem detalhes conclusivos até o momento.
Em relação à expectativa sobre o desfecho, Nhamussua expressou uma postura cautelosa, mas de esperança.
“Esperamos que sim, uma vez que todos estão em busca de saber o que terá acontecido. Vamos deixar a quem está à frente deste processo.” A frase, embora cautelosa, parece refletir a conscientização de que a situação envolve não apenas o desaparecimento de uma pessoa, mas também uma possível maior implicação política, dada a visibilidade de Chissale e o contexto em que se insere.
Enquanto as autoridades continuam a investigar, as redes sociais têm sido inundadas por informações contraditórias, incluindo rumores sobre a morte de Arlindo Chissale, com anúncios de falecimento feitos pela segunda vez em menos de uma semana. No entanto, a família refuta essas afirmações e pede cautela.
“Não posso confirmar se o meu irmão morreu ou não, porque, para te confirmar, teria de te mostrar a campa onde ele está enterrado. O que posso confirmar é que ele está desaparecido”, declarou Macário Chissale, irmão do jornalista, ao jornal Carta de Moçambique.
Frustrados pela falta de respostas concretas, os familiares recorreram a diversas estratégias para tentar obter informações sobre Chissale, incluindo a consulta a médicos tradicionais, mas sem qualquer sucesso até o momento.
Arlindo Chissale, também conhecido por gerir o portal Pinnacle News, especializado em informações sobre os ataques terroristas em Cabo Delgado, já havia enfrentado situações difíceis no passado. Em Outubro de 2022, foi detido pela Polícia em Balama, acusado de recolher informações com o intuito de cometer actos terroristas. No entanto, o Tribunal Judicial de Balama rejeitou as acusações e ordenou a sua soltura após 11 dias de reclusão incomunicável.
A família de Chissale acredita que o seu desaparecimento possa ter motivações políticas, dada a sua ligação com Venâncio Mondlane, figura de destaque nos protestos entre Outubro de 2024 e Janeiro de 2025. Até ao momento, Mondlane não se pronunciou sobre o caso, o que mantém a incerteza sobre os reais motivos por trás do desaparecimento de Chissale.
O desaparecimento de Arlindo Chissale traz à memória o caso do jornalista Ibraimo Mbaruco, da Rádio Comunitária de Palma, em Cabo Delgado, desaparecido desde Abril de 2020. Mbaruco relatou, pouco antes de desaparecer, que estava cercado por militares, e desde então o seu paradeiro continua desconhecido. O caso foi arquivado devido à falta de provas, e até hoje não se sabe o que realmente aconteceu com Mbaruco.
A semelhança entre os dois casos, com jornalistas desaparecendo sem uma explicação clara, levanta questões sobre a segurança dos profissionais de comunicação em Moçambique e os desafios que enfrentam, especialmente em contextos de tensão política e social.
O caso de Arlindo Chissale destaca, mais uma vez, a vulnerabilidade dos jornalistas e a necessidade urgente de respostas rápidas e transparentes das autoridades para garantir a proteção da liberdade de expressão e os direitos humanos.
O desaparecimento de Chissale não é apenas um episódio isolado, mas sim parte de um quadro mais amplo, onde o exercício do jornalismo se torna cada vez mais arriscado em contextos de instabilidade e repressão. O mistério que envolve o seu caso continua a atormentar a sua família e toda a sociedade, que aguarda ansiosamente por respostas.
Até agora, as autoridades têm se limitado a afirmar que a investigação continua e que estão em busca de esclarecer o que realmente aconteceu com Arlindo Chissale. Contudo, à medida que o tempo passa e os rumores se multiplicam, a sensação de impotência cresce, alimentando a dúvida e o medo. A ausência de respostas claras perpetua a tristeza e a angústia, tanto para os que o conheciam quanto para todos que buscam justiça e transparência. (x)
Por: Zumbo FM Notícias
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