aim logo

aim logo

quinta-feira, 12 junho 2025 05:14

Cabo Delgado: Empreiteiros queixam-se do PNUD, UNOPS e OIM por “exclusão inteligente” e denunciam benefício indevido a empresas estrangeiras na reconstrução da província

Imagem ilustractiva das infraestruturas em Cabo Delgado. Imagem ilustractiva das infraestruturas em Cabo Delgado.

Empreiteiros da província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, queixam-se das agências das Nações Unidas, acusando-as de promoverem uma política sistemática de exclusão das empresas locais no processo de reconstrução da região.

Trata-se de uma denúncia contra o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o Escritório das Nações Unidas para Serviços de Projetos (UNOPS) e a Organização Internacional para as Migrações (OIM) a primeira com maior peso no envolvimento do processo, entre outras entidades responsáveis pela execução de obras públicas desde o lançamento do Plano de Reconstrução, em outubro de 2021.

As queixas foram tornadas públicas esta terça-feira (11.06.2025), em entrevista exclusiva à Zumbo FM Notícias, pelo presidente da Associação dos Empreiteiros de Cabo Delgado, Murchid Abdul Razak, que falou em “exclusão inteligente” e criticou a falta de transparência no processo de adjudicação de obras.

“Na verdade, neste processo de reconstrução, não é apenas o Governo que é protagonista. Posso até dizer que o Governo tem pouca influência direta. Quem está à frente do processo são as organizações não-governamentais, e em grande número. Temos o PNUD, UNOPS, UNICEF, Fundo das Nações Unidas para a População, Fundo das Nações Unidas para a Habitação... São muitas organizações a operar em Cabo Delgado.”

Segundo Razak, entre 80% e 90% das empreitadas em curso são entregues a empresas de fora da província, muitas das quais estrangeiras, que se estabelecem temporariamente na região para executar os projectos e partem sem deixar qualquer rastro de envolvimento local.

“Temos sérios problemas com essas organizações, enquanto empreiteiros locais. O que se assiste neste momento é que os empreiteiros locais estão apenas a assistir, e não a participar. Estimamos que 80% a 90% das empresas que executam obras em Cabo Delgado são de fora da província. Vêm, instalam-se e realizam os projetos. Muitas vezes, vemos apenas as placas das obras, sem saber como foi feito o processo. Nos distritos, deparamo-nos com obras em curso.”

A situação, segundo os empreiteiros, é agravada pela alegada falta de vontade institucional para corrigir o desequilíbrio. Reuniões formais foram realizadas com as agências denunciadas, mas, até ao momento, sem resultados concretos.

“Os empreiteiros reclamam dessa exclusão. Já tivemos várias reuniões com o UNOPS, PNUD e OIM, mas não estamos a ver melhorias concretas. É precisamente agora que o Governo deveria intervir. Se não está a financiar diretamente essas obras, então deveria supervisionar essas organizações e defender os empreiteiros locais. O Governo deve mostrar que está contra o que essas agências das Nações Unidas estão a fazer.”

A denúncia ganha força num contexto em que se esperava que a reconstrução de Cabo Delgado servisse, além da recuperação física das infraestruturas, como um motor de desenvolvimento econômico para os empresários locais muitos dos quais também afetados pela guerra e deslocações forçadas.

Razak finaliza com um desabafo que expõe o sentimento de abandono vivido pela classe:

“Na verdade, estamos a lutar sozinhos.”

A Zumbo FM Notícias tentou, até ao fecho desta edição, obter uma reação oficial por parte das agências citadas, bem como das autoridades governamentais provinciais, mas não obteve resposta.(X)

Por: Bonifácio Chumuni

Anuncie o seu produto ou marca no nosso website. Partilhe as notícias da Zumbo FM Notícias com os seus contactos. Muito obrigado por visitar o nosso website!

Visualizado 192 vezes