aim logo

aim logo

Ivan

Ivan

A situação política em Moçambique atingiu um novo ápice de tensão na quinta-feira, 9 de Janeiro de 2025, com o confisco do passaporte de Venâncio Mondlane, um dos principais líderes da oposição, ao chegar ao Aeroporto de Mavalane, após quase três meses de exílio. A retenção do documento, efetuada pelos serviços migratórios do país, ocorreu no contexto de uma série de protestos liderados por Mondlane contra alegadas fraudes nas eleições gerais de Outubro de 2024.

De acordo com uma publicação nas redes sociais do seu assessor político, Dinis Tivane, a justificativa apresentada pelas autoridades de imigração foi que Mondlane havia renunciado ao seu estatuto de deputado da Assembleia da República. A explicação, conforme exposta na nota, argumenta que, por ter abandonado o cargo de deputado, o político deixou de ter direito ao uso do passaporte diplomático, que confere isenção de vistos em viagens internacionais.

No entanto, a explicação não convenceu os aliados de Mondlane, que consideram a medida uma clara tentativa de intimidação política. Tivane enfatizou que, apesar de sua desistência do cargo, Mondlane continua sendo um líder legítimo com uma ampla base de apoio, especialmente após a denúncia de resultados "fraudulentos" nas recentes eleições, que o colocaram como o segundo candidato presidencial mais votado.

O assessor não poupou críticas ao governo, acusando-o de agir de maneira autoritária e de utilizar o aparelho do Estado para intimidar aqueles que se opõem ao regime. "A retenção do passaporte é um sinal claro de que querem manter Venâncio Mondlane sob controlo. Estamos a enfrentar uma estratégia que visa silenciar a oposição, e esta é apenas a primeira parte do processo", declarou Tivane.

A tensão promete aumentar, com o assessor afirmando que serão tomadas medidas legais para reaver o passaporte de Mondlane, e prometendo expor os responsáveis por esta ação que considera ilegal. "Estamos a apenas começar. A luta pela justiça será implacável e vamos revelar toda a sujeira escondida por aqueles que confundem o Partido com o Estado", afirmou Tivane.

O incidente reacende o debate sobre a liberdade política em Moçambique e a crescente repressão contra os opositores do governo, alimentando ainda mais as críticas sobre a transparência das eleições de outubro e o clima de polarização política no país. As próximas ações legais e políticas de Mondlane e seus aliados podem desencadear novos confrontos no já volátil cenário político moçambicano. (x)

Por: António Bote

Anuncie o seu produto ou marca no nosso website. Partilhe as noticia da Zumbo FM Noticias com os seus contactos. Muito Obrigado por visitar o nosso website!

Em Cabo Delgado, a onda de violência política segue sem trégua, com o assassinato do Chefe de Mobilização do Partido PODEMOS, Rachide Lamina, de 40 anos, na noite de segunda-feira, 6 de Janeiro de 2025, na aldeia de Intutupue, no distrito de Ancuabe. Este é o segundo assassinato de membros do partido em menos de uma semana, após a morte brutal de um outro activista em Montepuez, na última sexta-feira, 3 de Janeiro, onde o Chefe de Mobilização do PODEMOS local foi também assassinado de forma fria por desconhecidos.

Em uma entrevista exclusiva à Zumbo FM Notícias realizada nesta terça-feira, 7 de Janeiro de 2025, o Coordenador do PODEMOS em Cabo Delgado, Singano Assane, detalhou os dois casos e fez duras críticas ao contexto de violência política crescente na província. Sobre o assassinato de Lamina, ele relatou que recebeu um telefonema entre 20h e 21h, informando que dois homens em um carro chegaram à casa de Lamina, chamaram-no e, após ele acordar, dispararam contra ele.

"Claro que sim, eu recebi um telefonema às 20h para 21h, os declarantes disseram que vieram duas pessoas com um carro, na casa de um dos nossos elementos, chamaram ele e ele acordou, logo dispararam contra nele. Perdeu a vida no local. Eles usavam roupa civil, a parte da viatura estava estacionada um pouco distante, logo na entrada da aldeia, logo quando tiraram a vida do nosso colega, eles entraram em fuga", explicou o coordenador, visivelmente abalado.

O assassinato de Lamina se soma a outro ocorrido em Montepuez, onde na última sexta-feira, 3 de Janeiro de 2025, o Chefe de Mobilização do PODEMOS foi também brutalmente assassinado.

"Na última sexta-feira, 3 de Janeiro de 2025, aconteceu o outro assassinato. O Chefe de Mobilização do PODEMOS em Montepuez foi brutalmente assassinado. O que estamos a viver aqui em Cabo Delgado é algo que não tem explicação, os membros do nosso partido estão sendo assassinados e ninguém faz nada para pôr fim a essa violência", afirmou o coordenador.

Com os dois assassinatos em um intervalo de poucos dias, a tensão entre os membros do PODEMOS e o governo local aumenta. O coordenador lamentou ainda a constante ameaça à vida dos opositores.

"Há dias nós chamamos a imprensa para ver que não venha acontecer mais, mas, por contrapartida, cada dia que passa os membros estão a ser ameaçados em assassinatos, e nós estamos limitados com o regime, porque isso acontece. O regime atual está afetando os nossos elementos, por isso, neste sentido, estamos a repudiar esse tipo de assassinatos e não podemos nos intimidar, porque agora já se trata de assassinatos, e isso não faz sentido para um cidadão", afirmou com firmeza.

O coordenador também acusou as forças de segurança, principalmente o SERNIC (Serviço Nacional de Investigação Criminal) e o SISE (Serviço de Informação e Segurança de Estado) de estarem envolvidas em ações de intimidação e violência contra membros do partido.

"Os assassinatos a nível da província, nós já sabemos que nunca um simples cidadão civil teve arma. Nós podemos já atacar o  e o SERNIC, esses é que estão a incriminar os nossos elementos. Por exemplo, em Montepuez, diziam que era a força local, mas a força local nunca andou com pistola. Simplesmente o SERNIC, a Polícia e o SISE é que andam com pistola. Por isso, a nível da província, há muitas ameaças", explicou.

O coordenador também mencionou outro atentado contra um delegado do PODEMOS: "O meu delegado ontem sofreu o mesmo atentado com pessoas do SERNIC. Quando eram 18 horas, o delegado mandou mensagem dizendo que sofreu um atentado agora, escapou da boca do leão, perto da casa dele, na zona do partido."

Em um apelo fervoroso, ele pediu ao governo da província que tome medidas imediatas para garantir a segurança dos opositores e acabar com o ciclo de violência. "Eu apelo ao governo da província de Cabo Delgado para que regularize esse tipo de atos, para que amanhã não se repitam as mesmas consequências que estão a passar os nossos membros. Não faz sentido um da oposição ser incriminado no nosso país, porque a pessoa que reside nesse país é o cidadão moçambicano e nós também devemos nos orgulhar. Não podemos nos intimidar como estrangeiros, o imposto que eles pagam, nós também pagamos o mesmo. Porque não é possível todo momento dizer que são desconhecidos", concluiu, com um tom de desespero e resistência.

Entretanto, o Chefe das Relações Públicas no Comando Provincial da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Cabo Delgado, Aniceto Magome, disse estar desatualizado sobre o incidente.

A Zumbo FM Notícias soube de fonte segura que, após o assassinato, a população juntou-se a membros e simpatizantes do partido PODEMOS, e, incendiaram casas das estruturas locais, incluindo dos representantes do partido FRELIMO. (x)

Por: António Bote

Anuncie o seu produto ou marca no nosso website. Partilhe as noticia da Zumbo FM Noticias com os seus contactos. Muito Obrigado por visitar o nosso website!

O país vive um intenso cenário pós-eleitoral devido às manifestações convocadas por Venâncio Mondlane, Candidato Presidencial do partido PODEMOS, alegadamente pela injustiça eleitoral que Moçambique experimentou nas eleições de 09 de Outubro de 2024.

Nesta segunda-feira, 06 de Janeiro de 2025, a Zumbo FM Notícias ouviu, em exclusivo, académicos que defendem que as manifestações pós-eleitorais que Moçambique conheceu poderão comprometer a governação do próximo presidente da República, Daniel Chapo, que tomará posse no dia 15 de Janeiro de 2025.

O académico Ali Caetano defende que, com grande dificuldade, Daniel Chapo irá governar e realizar o seu manifesto eleitoral, visto que o país viveu momentos intensos com as ondas de manifestações. Contudo, Caetano lembra que o governo deve se destacar em momentos de crise, como o que Moçambique poderá enfrentar.

"Com grande dificuldade, porque grande parte dos manifestos políticos visam garantir a melhoria das condições das populações, que passam por um ambiente economicamente desfavorável. Nos próximos um ou dois anos, vamos ter consequências das manifestações que tivemos nos últimos dias. Então, o manifesto de Chapo está comprometido, o próprio Plano Quinquenal está comprometido. Mas é importante lembrar que, neste tempo de crise, os líderes ou os maiores líderes se destacam, então esperamos que Chapo e sua gestão consigam se destacar, mesmo neste tempo de crise", defende Ali Caetano.

O académico Zito Pedro entende que as expectativas da governação de Chapo são desafiadoras, pois a proclamação dos resultados eleitorais foi seguida de protestos. Portanto, a governação de Daniel Chapo poderá ser difícil, mas o académico avança que as manifestações serviram como uma lição e aprendizado.

"Eu penso que, em termos de expectativas, acredito que sejam realmente posições desafiadoras, primeiro porque sabe-se que esta eleição e a própria proclamação vieram seguidas de um leque de protestos. Então, penso que, de longe, a governação do próximo presidente será ancorada a estas questões. E o que, às vezes, tenho dito é que, apesar dos danos que a manifestação está causando até então, ela está servindo de alguma lição e aprendizado para quem vai efetivamente ocupar esta posição de chefe de Estado", defende Zito Pedro.

Zito Pedro conclui que Daniel Chapo já tem uma noção real de que existe uma camada social efetivamente insatisfeita, não por conta da eleição, mas contra a ação governativa do país.

"Agora será o Daniel Chapo. Eu penso que ele entra com um TPC: primeiro de entender, ele já tem uma noção real de que, efetivamente, alguma camada social, algum grupo, mesmo que seja minoritário, está insatisfeito. Não com a eleição dele, mas pela vida atual, pelo estado de vida do país, porque nem todos que estão a manifestar estão efetivamente contra a figura dele como pessoa, mas estão contra a gestão governativa", conclui Zito Pedro.

Ali Caetano termina com o mesmo posicionamento do académico Zito Pedro, afirmando que as pessoas se manifestaram não apenas pela liberdade eleitoral, mas pelos desafios que enfrentam dia a dia, desde a falta de alimentação, o acesso ao emprego, até a carência de medicamentos e de uma educação de qualidade.

"Nem todos que foram manifestar, foram votar. Grande parte deles foram sem cartão de eleitor e isso quem está a dizer são as estatísticas. Tivemos um nível de abstinência grave nas eleições, então isso mostra que as pessoas foram manifestar não apenas pela liberdade eleitoral, mas pelos desafios que enfrentam a cada dia: a falta de alimentação, o acesso ao emprego, a falta de medicamentos, a falta de educação de qualidade. E tudo isso fez com que as pessoas fossem às ruas manifestar", conclui o académico moçambicano Ali Caetano. (x)

Por: Esperança Picate

Anuncie o seu produto ou marca no nosso website. Partilhe as noticia da Zumbo FM Noticias com os seus contactos. Muito Obrigado por visitar o nosso website!

Após abandonar a localidade de Mianguelewa, no distrito de Muidumbe, norte de Cabo Delgado, devido aos ataques terroristas ocorridos entre os dias 15 e 25 de dezembro do ano passado, parte da população começou a regressar de forma gradual.

Mianguelewa, localizada nas proximidades da Estrada Nacional 380, que conecta os distritos da região norte de Cabo Delgado, ainda enfrenta sinais de insegurança, o que faz com que o retorno seja cauteloso.

Em entrevista à Zumbo FM Notícias, nesta segunda-feira, (06.01.2025), o administrador do distrito de Muidumbe, João Casimiro, relatou que mais da metade dos habitantes deixou Mianguelewa após os ataques, mas o retorno começou a ser registrado.

“A população está a regressar aos poucos. A segurança mantém-se, mas houve reforço da presença das Forças Armadas de Defesa de Moçambique”, afirmou João Casimiro.

O administrador também destacou que mais de três mil famílias precisam de apoio humanitário na região devido à escalada da violência.

“Cerca de três mil famílias necessitam de ajuda humanitária. Mianguelewa é a única região que enfrentou essa ameaça recentemente no distrito”, acrescentou Casimiro.(x)

Por: Bonifácio Chumuni

Anuncie o seu produto ou marca no nosso website. Partilhe as noticia da Zumbo FM Noticias com os seus contactos. Muito Obrigado por visitar o nosso website!

Em Novembro de 2024, a Zumbo FM Notícias trouxe à tona uma denúncia alarmante: ataques terroristas deixaram um rastro de destruição, com perdas humanas e materiais significativas, enquanto as autoridades locais lamentavam a ausência de forças de segurança na região.

Os relatos daquela época mostravam uma comunidade aterrorizada, sem qualquer assistência estatal imediata. Os moradores enfrentavam dias de angústia, enquanto os terroristas saqueavam, incendiavam casas e assassinavam indiscriminadamente.

A ausência de uma resposta rápida do Governo foi interpretada como negligência, aprofundando o sentimento de abandono entre a população.

Embora as autoridades tenham prometido medidas de reforço à segurança, a demora na chegada das tropas criou um vácuo que permitiu aos insurgentes se consolidarem como uma ameaça constante. Quando finalmente foi anunciado o envio de um contingente militar, já era tarde demais para recuperar a confiança da população.

Em 02 de Dezembro de 2024, o Governo enviou um batalhão de militares formado por soldados de Macarara e integrantes da Força Local, com o objetivo de estabelecer uma presença contínua em Mazeze. A estratégia previa que os militares permanecessem em sistema de rodízio mensal para garantir uma vigilância constante.

Entretanto, a recepção foi tudo menos pacífica. Conforme relatado por uma fonte anônima e bem posicionada no posto administrativo, entrevistada pela Zumbo FM Notícias nesta segunda-feira, 06 de Janeiro de 2025, a população reagiu com hostilidade e indignação.

"No dia 02 de dezembro de 2024, o Governo mandou um batalhão de militares. Eram aqueles militares de Macarara mais os da Força Local. Então, era para ficarem lá definitivamente e depois iriam fazer rendição, onde um grupo iria um mês, depois volta, vai o outro, assim sucessivamente. Era para garantir a segurança", explicou a fonte.

Mas a reação dos moradores expôs uma ferida aberta. "Vão para onde? Nós ficamos aqui com terroristas, não vieram nos acudir. Só hoje é que estão a chegar? Saíam daqui, voltem!", bradaram os residentes, indignados com a aparente negligência durante os episódios de maior violência.

A animosidade rapidamente se transformou em confronto. Segundo a fonte entrevistada, os militares, percebendo a crescente raiva da população, decidiram recuar. "Os militares voltaram. Daí, a população ligou a dizer: 'Você mandou esses militares? Quando nós estávamos a ser aterrorizados, estavam aonde?'", relatou.

O auge da revolta ocorreu quando a população, munida de catanas, paus e pedras, expulsou os militares.

"A população furiosa a se comunicar, cada um veio com catana, paus, pedras, querer desafiar os militares. Só que os militares não quiseram disparar, saíram por bem", revelou a testemunha.

Embora o Governo tenha reiterado seu compromisso com a estabilização da região, a demora inicial e a reação violenta da população deixaram cicatrizes profundas.

"É verdade que a segurança demorou, mas o Governo disponibilizou para os militares irem ficar lá definitivamente, que é para não acontecer aquilo o que vinha acontecendo de dizer que não tínhamos socorro", justificou a fonte.

Os próprios militares, diante da hostilidade dos moradores, expressaram preocupação com a segurança do administrador local.

"Não vale a pena você vir aqui com tudo isso o que nós vimos. Não pode vir aqui a só, vão te matar aquela gente aí", advertiram, referindo-se ao nível de raiva contida que presenciaram.

A situação foi descrita como crítica. "Aquela gente, nós vimos a raiva que tem. Aqueles aí devem ter criado terroristas aí, da maneira como estavam. Negar segurança! Isso não é normal. Aqueles, se não te matam a catana, podem pôr ratex. É muito complicado", alertou a fonte, destacando o estado de tensão latente.

O episódio em Mazeze não é um caso isolado. Ele ilustra a complexidade dos desafios enfrentados em Cabo Delgado, onde o atraso na resposta às crises e a desconfiança entre as comunidades e o Estado alimentam um ciclo de violência e instabilidade. A necessidade de uma abordagem mais eficaz, tanto no curto quanto no longo prazo, torna-se cada vez mais urgente.

Mazeze está localizado no distrito de Chiúre, na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique. A comunidade encontra-se a aproximadamente 180 quilômetros de Pemba, a capital provincial de Cabo Delgado. (x)

Por: António Bote

Anuncie o seu produto ou marca no nosso website. Partilhe as noticia da Zumbo FM Noticias com os seus contactos. Muito Obrigado por visitar o nosso website!

O silêncio da noite de sexta-feira, 03 de janeiro de 2025, foi interrompido por tiros que trouxeram dor e medo ao bairro Matuto 4, em Montepuez. Eram 21 horas quando o Chefe de Mobilização do Partido PODEMOS, uma figura central na luta política do distrito, foi brutalmente assassinado. Ao seu lado, uma mulher ficou ferida, mas sobreviveu.

Este ato violento ocorreu semanas após Montepuez ter sido palco de intensas manifestações populares contra os resultados das eleições de 2024. Durante os protestos, uma pessoa foi baleada pela polícia e perdeu a vida, enquanto várias outras contraíram ferimentos. Contudo, o assassinato do líder político não está relacionado diretamente com as manifestações, e os autores do crime ainda são desconhecidos.

"De facto, nós acabamos tomando conhecimento que ontem sexta-feira, no distrito de Montepuez pelas 21 horas, houve um baleamento no bairro Matuto 4. A polícia deslocou-se para lá, então confirma que houve dois cidadãos, um do sexo masculino e outro do sexo feminino, teriam sido alvejados com arma de fogo. A cidadã do sexo feminino teria contraído ferimentos, mas está fora do perigo, enquanto que o cidadão dos seus 31 anos de idade teria perdido a vida no local", relatou o Chefe das Relações Públicas no Comando Provincial da Polícia da República de Moçambique (PRM), em Cabo Delgado, Aniceto Magome, numa entrevista exclusiva à Zumbo FM Notícias, neste sábado, 04 de Janeiro de 2025.

A cena do crime, segundo testemunhas, estava marcada pelo desespero de moradores que não apenas perderam um líder, mas também viram a sombra da violência se alongar sobre suas vidas. Enquanto isso, uma equipe técnica composta pela PRM e pelo Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) realizava as perícias no local. O corpo da vítima foi conduzido ao Hospital Rural de Montepuez.

"Houve uma equipa técnica que se deslocou ao local que é para efeito de perícia, em uma equipa multissectorial e que para além da polícia da PRM, esteve lá o SERNIC. Fez-se no local e daí, levou-se o corpo do finado para o hospital rural de Montepuez", detalhou Magome.

No entanto, o vazio deixado pela morte não será facilmente preenchido. Para os moradores de Montepuez, que já enfrentam instabilidade e desafios, a perda do Chefe de Mobilização do PODEMOS representa mais do que um crime – é um reflexo de tempos difíceis.

As autoridades afirmam estar empenhadas em esclarecer o caso e capturar os autores do crime.

"Neste momento, há trabalhos que estão em curso para o esclarecimento do caso e neutralizar os autores. Nós estamos a trabalhar com várias linhas que temos como informação, é no sentido de seguirmos e apurarmos qual delas nos leva aquilo o que é o resultado desejado, que é a neutralização, responsabilização das pessoas que cometeram este crime de assassinato", garantiu Magome.

A tragédia aprofunda a dor de um distrito que ainda tenta se reerguer após as recentes manifestações. A comunidade de Montepuez, agora imersa em luto e incerteza, aguarda por respostas enquanto tenta processar a perda de mais uma vida em meio a um cenário tão conturbado. (x)

Por: António Bote

Anuncie o seu produto ou marca no nosso website. Partilhe as noticia da Zumbo FM Noticias com os seus contactos. Muito Obrigado por visitar o nosso website!

Apesar das tentativas de esclarecimento, o governo do distrito de Ancuabe não forneceu informações sobre os motivos da suspensão das atividades.

O Secretário Permanente do Distrito de Ancuabe, Saide Amade, em entrevista à Zumbo FM Notícias, nesta sexta-feira, (03.01.2025), afirmou não ter informações concretas sobre a situação.

“Não tenho dados substanciais sobre o assunto. Recomendo que falem com o gestor da empresa, pois não tenho informações sobre o retorno da exploração.”

A paralisação tem afetado profundamente a economia local, que dependia das operações da mina como uma das principais fontes de emprego e renda.

A mina de grafite de Ancuabe iniciou suas operações em 28 de junho de 2017 e foi vista como uma grande oportunidade de desenvolvimento para Cabo Delgado.

A mina é operada pela GK Ancuabe Graphite Mine, uma subsidiária da empresa alemã AMG Graphit Kropfmühl GmbH. No entanto, após mais de dois anos de paralisação, a incerteza sobre o futuro da mina e o impacto no desenvolvimento econômico da região permanecem.

A mina de grafite de Ancuabe, localizada no distrito de Ancuabe, na província de Cabo Delgado, encontra-se paralisada há mais de dois anos.

A suspensão das atividades de exploração tem gerado incertezas econômicas e sociais significativas para a região, que depende da mina para a geração de empregos e sustento das famílias.

Com um investimento de 12 milhões de euros, a concessão cobre aproximadamente 24.000 hectares e a mina tinha capacidade para produzir 9.000 toneladas de grafite por ano, empregando 100 pessoas da própria região.(x)

Por: Bonifácio Chumuni

Anuncie o seu produto ou marca no nosso website. Partilhe as noticia da Zumbo FM Noticias com os seus contactos. Muito Obrigado por visitar o nosso website!

O país caminha para um dos dias mais decisivos de sua história recente. No próximo dia 15 de Janeiro de 2025, Daniel Chapo será investido como Presidente da República em uma cerimônia oficial organizada pelo Conselho Constitucional.

Contudo, o cenário político está longe de ser pacífico: Venâncio Mondlane, principal opositor de Chapo, anunciou que também tomará posse como presidente no mesmo dia, alegando ser o verdadeiro vencedor das eleições gerais de 2024.

O Conselho Constitucional, presidido por Lúcia Ribeiro, confirmou está quinta-feira, 02.01.2025, a data e os preparativos para a cerimônia, onde Filipe Nyusi entregará o poder a Daniel Chapo, marcando o início de um novo ciclo de liderança. Chapo receberá os símbolos máximos do poder – o martelo presidencial, a bandeira nacional, o pavilhão presidencial e a Constituição da República – em um evento de alto protocolo, na tradicional Praça da Independência.

Entretanto, Mondlane, que rejeita os resultados oficiais das eleições, mobiliza seus apoiantes e desafia abertamente as instituições do país. Sua declaração de que também tomará posse como Presidente da República no mesmo dia aumenta a tensão política e social, colocando Moçambique em um impasse sem precedentes na sua democracia.

A cerimônia oficial contará com um desfile militar histórico, reunindo todas as especialidades das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, da Polícia da República de Moçambique e outros ramos das Forças de Defesa e Segurança (FDS). Enquanto isso, os olhos da nação e da comunidade internacional estarão voltados para o país, que enfrenta o desafio de equilibrar a estabilidade política com as profundas divisões que emergiram nas urnas.

O dia 15 de Janeiro de 2025 promete não ser apenas uma cerimônia de posse, mas um teste crucial para a resiliência das instituições democráticas e a capacidade de Moçambique de superar divisões políticas, garantindo um futuro estável e promissor para sua população. (x)

Por: António Bote

Anuncie o seu produto ou marca no nosso website. Partilhe as noticia da Zumbo FM Noticias com os seus contactos. Muito Obrigado por visitar o nosso website!

“Eu já não sei mais quem sou. As noites são longas e as memórias, dolorosas. Cada passo que dou me lembra do que vivi. As cicatrizes na minha alma são mais profundas do que as que restaram no meu corpo.”- disse uma vítima de rapto de terroristas em Mocímboa da Praia.

Este é apenas um dos relatos que chegam da vila de Mocímboa da Praia, no norte da província de Cabo Delgado, em Moçambique, onde mulheres sobreviventes da insurgência enfrentam uma realidade cruel e desesperadora. Vítimas de rapto, violência sexual e tortura psicológica nas mãos dos grupos terroristas, essas mulheres ainda tentam reconstruir suas vidas, mas a luta contra os traumas do passado parece interminável.

Em 24 de Março de 2020, Mocímboa da Praia foi palco de um ataque devastador, no qual muitas mulheres foram capturadas pelos insurgentes. Levaram-nas para locais isolados, onde foram tratadas como escravas, forçadas a viver sob uma constante ameaça de morte. Muitas dessas mulheres, após meses e até anos de cativeiro, conseguiram escapar, mas a dor e o sofrimento ainda as perseguem.

“Fui capturada no bairro de Milamba. Fui levada para uma base onde fui violada diversas vezes. Não foi só o abuso físico, mas o psicológico, que me marcou. Eu era forçada a ter relações sexuais com vários homens por dia, e quando tentava resistir, as ameaças de morte eram constantes”, relata uma das sobreviventes.

Essas mulheres, que viveram o pesadelo nas mãos dos insurgentes, agora enfrentam outro desafio, a falta de apoio psicológico. Mesmo com a presença de algumas ONGs e psicólogos, a ajuda não tem sido suficiente para atender a todas as vítimas. Muitas se sentem esquecidas, excluídas, e desesperadas por um amparo que vá além das palavras.

“Eu não estou bem. Às vezes, acordo no meio da noite, gritando, revivendo tudo o que aconteceu. Minha mãe, que ficou comigo, também tem medo de mim. A dor que sinto não é só física, é uma dor que consome a minha alma”, desabafa outra sobrevivente.

Em uma crítica dolorosa à ineficiência de muitas ações humanitárias, as vítimas apontam que, enquanto as ONGs circulam em carros de luxo, elas continuam a sofrer, sem o apoio que verdadeiramente precisam.

“O que queremos não são carros bonitos, nem palavras vazias. Queremos ajuda real, psicológica, algo que nos ajude a recuperar a dignidade e a reconstruir nossas vidas”, afirmou uma mulher que, com os olhos marejados, ainda carrega as marcas da violência física e emocional.

As críticas não param por aí. As mulheres clamam por um apoio que, além do cuidado psicológico, ofereça também o saber fazer, capacitação e recursos que as ajudem a ser autos-suficientes e a sair da pobreza e do estigma que as acompanha.

A emissora pública de televisão do país, que revelou os relatos em condição de anonimato, acompanhou de perto as histórias de dor e superação das mulheres que conseguiram sobreviver ao cativeiro imposto pelos insurgentes.

Em entrevista exclusiva à Zumbo FM Notícias, nesta segunda-feira, 30 de Dezembro de 2024, o administrador de Mocímboa da Praia, Sérgio Cipriano, que tem se dedicado ao apoio das vítimas, reconhece as dificuldades enfrentadas na região e os desafios de fornecer o suporte necessário a todas as pessoas afetadas pela insurgência.

“No setor de Saúde, temos psicólogos que trabalham com a população, e algumas ONGs tentam intervir. Porém, ainda não conseguimos alcançar todas as vítimas que estamos identificando. O impacto da insurgência tem sido devastador, mas estamos trabalhando para melhorar a situação”, afirmou Cipriano.

Contudo, ele também reconhece que a insurgência está mudando de foco. “As últimas incursões, em sua maioria, não foram tão sangrentas. A logística tem sido o foco principal, o que mostra que a situação está evoluindo, mas as necessidades psicológicas das vítimas continuam urgentes.”

Enquanto isso, as mulheres continuam a lutar não só contra os fantasmas do passado, mas contra a indiferença de um sistema que, muitas vezes, falha em abraçar as suas necessidades. O que elas querem é ser ouvidas, é ter a oportunidade de viver de novo, longe das sombras que a insurgência deixou em suas vidas. O pedido é simples, mas crucial: ajuda psicológica, dignidade, e o direito de recomeçar. (x)

Por: Bonifácio Chumuni

Anuncie o seu produto ou marca no nosso website. Partilhe as noticia da Zumbo FM Noticias com os seus contactos. Muito Obrigado por visitar o nosso website!

 

Após as eleições gerais de 9 de Outubro de 2024, Moçambique viu o apito ganhar um papel inesperado como símbolo de resistência política. O opositor Venâncio Mondlane, apoiado pelo partido PODEMOS, incentivou o uso de apitos para contestar os resultados eleitorais que deram vitória ao partido FRELIMO e ao seu candidato, Daniel Chapo. Esse movimento transformou o apito em um instrumento de protesto amplamente usado, especialmente em Pemba, na província de Cabo Delgado, onde o objecto, antes vendido por 10 a 15 meticais, passou a custar até 50 meticais devido à alta procura.

No auge do protesto, tornou-se comum ver pessoas carregando apitos no pescoço, em um acto que simbolizava contestação e resistência. Esse contexto conferiu ao apito um significado político marcante, alimentando tensões sociais e gerando preocupação entre as autoridades.

Foi nesse cenário que, na terça-feira, 31 de Dezembro de 2024, um episódio peculiar chamou a atenção em Pemba. Durante a distribuição de kits de higiene pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), destinados a famílias vítimas do ciclone tropical CHIDO, que devastou a zona norte do país no dia 15 de Dezembro de 2024, foram encontrados 158 apitos entre os itens entregues no Bairro de Paquitiquete.

A presença dos apitos nos kits gerou um clima de desconfiança e questionamentos por parte dos residentes, que associaram o objecto ao contexto político. A polícia foi acionada para intervir e recolheu os apitos remanescentes para investigação.

Em entrevista exclusiva à Zumbo FM Notícias, nesta quarta-feira, 1º de Janeiro de 2025, o Chefe das Relações Públicas do Comando Provincial da PRM em Cabo Delgado, Aniceto Magome, detalhou os passos tomados pelas autoridades desde a identificação do problema.

"São 158 apitos que a polícia conseguiu recolher, dos 300, porque o remanescente já havia sido distribuído. Estes 158 foram dos kits que se pretendia fazer a distribuição no dia de ontem; os restantes já tinham sido distribuídos nos dias anteriores", disse Aniceto Magome.

Magome explicou que a ação da polícia foi motivada pela agitação gerada na comunidade, que buscava explicações sobre o propósito dos apitos.

"Nós, como autoridades públicas, fomos solicitados e fomos lá. Aferimos e, por uma questão de esclarecimento, recolhemos o material até uma das subunidades policiais. Agora, estamos interagindo com a organização responsável para compreender a finalidade desse material."

O oficial destacou que a medida de recolher os apitos foi tomada para evitar especulações que poderiam levar a desordens maiores, enquanto as autoridades trabalham para entender como e por que os apitos foram incluídos nos kits.

Segundo Magome, trata-se de uma organização não governamental, e até o momento o responsável pelo setor específico da distribuição não se apresentou às autoridades.

"Como se tratava de dias não laborais, o responsável pelo setor ainda não se fez presente. Penso que irá se apresentar nos próximos dias, calhando em uma data laboral", informou.

Magome detalhou o processo de investigação em andamento, explicando que as autoridades estão coletando informações de todas as partes envolvidas.

"Neste momento, estamos aguardando apenas o responsável da organização para também fazermos a triangulação da informação. Quero acreditar que, se é um projeto, existem lá elementos e termos de referência relacionados a cada item dos kits."

Ele também afirmou que os apitos foram os únicos itens recolhidos pelas autoridades, enquanto os demais componentes dos kits permaneceram com os beneficiários.

"Os componentes dos kits ficaram com os beneficiários; apenas os apitos ficaram com as autoridades policiais."

Além disso, o oficial apontou que a polícia ouviu tanto os populares que receberam os kits quanto alguns representantes locais, mas a investigação só poderá ser concluída com o posicionamento oficial da organização responsável.

"Tudo partiu de uma agitação popular por parte de alguns populares. Sendo assim, temos que perceber melhor o que motivou. Neste momento está-se a fazer um processo de triagem, onde já se ouviu uma parte da população e alguns beneficiários que apresentaram a preocupação."

O caso chama a atenção não apenas pelo simbolismo do apito no atual contexto político, mas também pela possibilidade de implicações maiores sobre a intenção ou o erro logístico na inclusão do objeto nos kits humanitários.

Em Cabo Delgado, Cidade de Pemba, a população do bairro Paquitiquete aguarda esclarecimentos, enquanto o episódio lança luz sobre as complexas interações entre ações humanitárias e o contexto político sensível em Moçambique. (x)

Por: António Bote

Anuncie o seu produto ou marca no nosso website. Partilhe as noticia da Zumbo FM Noticias com os seus contactos. Muito Obrigado por visitar o nosso website!

Pág. 25 de 103